PISTAS PARA COMPREENDER A SITUAÇÃO POLÍTICA NA VENEZUELA

Quaisquer que seja a análise de afogadilho que se faça sobre a Venezuela, corre-se o risco de se estar equivocado. Ainda que tomemos a admoestação de que análises agregadas de complexidades sociais podem ser contraditórias ao inferirmos dados isolados, no caso da Venezuela, precisamos ouvir mais e opinar menos com "achismos". Abaixo, seguem alguns links sobre o tema:

https://www.facebook.com/CUTRJ/videos/1426204227469749/

https://shar.es/1TSmRB

https://www.facebook.com/pstu16/videos/1418903474866945/

https://www.youtube.com/attribution_link?a=oN5H9Z2BAbs&u=%2Fwatch%3Fv%3D2C1QEAi4zVI%26feature%3Dshare


PISTAS PARA ENTENDER O DEBATE NA FRONTEIRA DA TEORIA ECONÔMICA

   O ano de 2017 começou com surpresas nas áreas política e econômica. Não vamos falar do "cavalo de pau" da área política - já quase saturada pela mídia local e internacional e entregue aos sabores do "mercado". Na área econômica, entretanto, foi reintroduzido um debate, já sob os desdobramentos da crise financeira de 2007/8 e, quase esquecido no Brasil desde 1994, depois da implantação do Plano de Estabilização da Inflação (O chamado Plano Real) no Governo Itamar Franco: as CAUSAS DA INFLAÇÃO BRASILEIRA. Desde os idos dos anos 90, fora introduzido no Brasil o debate pela "independência do Banco Central". De fato, se estabeleceu "mandatos" de gestão para a Autoridade Monetária maiores que o mandato eletivo do Presidente da República. Porém, a discussão das funções "bi-fontes" do Banco Central (Banco do Governo e Banco dos Bancos), não logrou êxito.
   Em setembro de 2016 o Presidente do Banco Mundial, Paul Romer, publicou um artigo (1) questionando a rigidez do pensamento macroeconômico ortodoxo e a própria validade da "economia monetarista" como ciência; Nos EUA, o economista e professor da Stanford University, John Cochrane, já havia publicado um "trabalho acadêmico" em 2011 (2), onde parecia inverter a lógica monetarista para a causa da inflação: "ao elevar as taxas de juros em resposta a inflação, o Banco Central Americano (FED) induz inflação cada vez maior...". Cá entre nós, o professor e economista Lara Resende, replicou o debate (3), apontando que no longo prazo, juro alto eleva a inflação.
   A partir de então, sem entrar no mérito das causas estruturais do processo inflacionário brasileiro, entraram no debate diversas contribuições de economistas renomados - cada qual com sua propedêutica específica, conforme os links que seguem abaixo: Em 201/01/2017Marcos Lisboa e Samuel Pessoa (4); Em 27/01/2017 André Lara Resende (5); Em 03/02/2017 Eduardo Loyo (6); Em 10/02/2017 José Júlio Senna (7); Também em 10/02 o ex-Presidente do BACEN, Arminio Fraga Neto (8) argumentara que  "(...)  a teoria fiscal dos preços não é suficiente para explicar as mudanças da taxa de inflação em tempos mais normais. Ocorre que essa teoria se presta à construção de complexos modelos matemáticos que, em certos casos, especialmente quando os juros se encontram próximos de zero, sugerem a possibilidade de que um aumento da taxa de juros possa levar a um aumento da taxa de inflação.(...)", mas também não traça uma só linha sobre as causas da inflação; 
   Defeso a contribuição (9) de Luiz Belluzzo e Gabriel Galipolo, que 'precisaram' citar a entrevista do Economista Joseph Stiglitz ao Estadão (10).para concluirem que "(...) É preciso saber qual é a fonte da inflação. Se for excesso de demanda, aí você sobe os juros, porque tem que moderar a demanda. Mas se for um impulso por custos, você tem que ser cuidadoso. Nesse caso, a forma pela qual a alta de juros reduz a inflação é matando a economia (...)""recente entrevista de Ilan Goldfajn (11), presidente do Banco Central, alegandoe que o tamanho da queda do juro real no Brasil depende das reformas estruturais da economia (...) ao chamado “juro de equilíbrio”, que é aquela taxa básica real que nem acelera nem freia a economia. Porque é evidente que o BC pode baixar a Selic, a taxa básica, na marra, se estiver totalmente despreocupado com a inflação. O grande desafio, portanto, é baixar o juro real de equilíbrio no Brasil. Nunca faltaram, ao longo das últimas décadas, os vendedores de soluções mágicas para esse problema. Resumidamente, nessas “explicações” o juro é muito elevado porque alguma peça está fora de lugar no motor, e basta ajustá-la para que o Brasil volte à normalidade. Não é a qualidade geral do motor que é ruim, é apenas questão de dar uma guaribada. Na mesma entrevista, Ilan classificou esse tipo de ideia de “teorias do desejo”, que se opõem à dura realidade que o Banco Central tem de enfrentar.(...)". Pouco ou nada se se discute sobre as causas da inflação, salvo em círculos herméticos e acadêmicos.

   Mas estão, quais seriam as causas da inflação ? Segundo classificação da Comissão Econômica Para a America Latina e Caribenha - Órgão das Nações Unidas, criada em 1947, a classificação da inflação (12) é a seguinte: a) básicas ou estruturais: a mudança nos preços relativos, favorável aos bens ainda escassos, face a alguns preços rígidos, é a “causa última (primária)” da inflação; b) circunstanciais: devido a choques exógenos latentes ou inesperados; cabendo à política econômica minimizar propagação de seus efeitos e, c)cumulativas: induzidas pela própria inflação; tendem a acentuar sua intensidade de forma crescente, de acordo com a extensão e o ritmo da própria inflação.

(1)  https://paulromer.net/wp-content/uploads/2016/09/WP-Trouble.pdf
(2)   http://faculty.chicagobooth.edu/john.cochrane/research/papers/cochrane_taylor_rule_jpe_660817.pdf
(3)   http://www.valor.com.br/cultura/4834784/juros-e-conservadorismo-intelectual
(4)   http://www.valor.com.br/cultura/4842254/nada-de-novo-no-debate-monetario-no-brasil
(5)   http://www.valor.com.br/cultura/4849060/teoria-pratica-e-bom-senso
(6)   http://www.valor.com.br/cultura/4857030/neofisherianismo-vai-entender
(7)   http://www.valor.com.br/cultura/4864408/taxa-de-juros-e-inflacao
(8)   http://oglobo.globo.com/economia/o-debate-sobre-os-juros-no-brasil-por-arminio-fraga-neto-20903057
(9)   http://www.valor.com.br/opiniao/4860762/metas-de-inflacao-e-os-ardis-da-razao
(10) http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,o-bc-no-brasil-estrangula-a-economia,10000009585
(11) http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,os-juros-e-os-magicos,70001635019
(12) https://fernandonogueiracosta.wordpress.com/2014/12/12/analise-do-processo-inercial-da-inflacao/